CHIARA MARTINI
Londres
Ela começou com o mIRC, e de lá migrou para o ICQ, o MSN messenger, depois o Orkut, Facebook, Twitter, Instagram e daí em diante. Mesmo naquelas plataformas que nasciam fadadas ao fracasso (quem lembra do Google Wave?), Chiara Martini, especialista em mídias sociais e Diretora de Estratégias Criativas na The Coca-Cola Company, estava presente logo de cara.
De todos os Alados da ASAS, Chiara é a mais jovem. É ela quem tem, mais do que todos nós, o pulso da Internet perto de si. Ela se mudou para a sede da The Coca-Cola Company em Londres para tocar o departamento de estratégias criativas. A personalidade provocadora da marca permitiu que experimentasse linguagens e formatos, seguindo adiante rapidamente caso não dessem certo. Com a sorte de ter espaço para desenvolver sua autonomia, soube correr riscos.
Porém, esta é a realidade daquilo que transita em seu próprio feed:
"No geral, eu diria que ads são mais paisagens. É o mesmo racional de comercial de TV, quando você levanta para ir ao banheiro no intervalo da novela." Chiara sente que as marcas olham mais para o número que compram do que pra informação que estão colocando no mundo. Principalmente em se tratando de mídias sociais, ela acredita que precisa haver uma tensão para uma conversa existir.
"O que que a gente quer causar? Qual a conversa? Qual a tensão? Temos uma ideia ainda tradicional sobre o que faz a comunicação vender, e a gente esquece do poder que conexão tem para isso. Às vezes a conexão não acontece de forma direta e impulsiva, mas como uma construção mais sólida, de médio e longo prazo."
No digital, conseguimos entender muito mais a real eficiência de um anúncio, quem interagiu com ele e quem o ignorou. De alguma forma isso faz com que a pressão seja ainda maior em se destacar, o que não é necessariamente ruim. O problema maior que Chiara enxerga, porém, é que as marcas ainda estão muito preocupadas em expor a sua logo, em ter certeza que todos entenderam o benefício do produto de uma forma tradicional.
"Os formatos evoluíram mas o pensamento nem tanto.", confessa. Ela conta como, muitas vezes, a construção da conversa se dá de trás para frente, com marcas mais preocupadas com a plataforma das suas conversas do que com o que de fato querem dizer. Para ela, a primeira pergunta deveria ser sempre: qual é o papel que as marcas podem ter na vida das pessoas?
"Eu não trabalho para apagar a marca da história, mas para fazê-la entender que pode ter um papel mais relevante na perspectiva pessoal, além daquilo que quer vender. E pode ser que seja em um post, pode ser que não seja"
Na ASAS Chiara sabe bem o seu papel e como sua vivência agrega ao coletivo: "Tem experiência, tem intuição, tem observação. Eu sou muito muito curiosa pela motivação das pessoas por trás do famoso like."
Também entende que este é um espaço de trocas, de visões e origens diferentes: "Eu adoro o que eu faço, mas eu tenho essa pedrinha preciosa chamada ASAS, onde eu posso interagir com pessoas que me trazem uma diversidade de pensamento."
Como legado, Chiara quer deixar um sentimento de inquietação, para que todos entendam que, na Internet e na vida, as coisas estão em constante evolução e aprendizado.